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Carreira | Publicada em: 18/06/2012

Seguir ou não a profissão dos pais - especialistas analisam a decisão

Filho de peixe tem que ser peixinho?

 

 Na hora de escolher que carreira seguir, muitos jovens ainda enfrentam um antigo dilema: dar continuidade ao caminho iniciado por seus pais ou encarar o desafio de tentar ter êxito como eles, mas exercendo outro tipo de atividade? “As profissões tradicionais, como Medicina, Direito e Engenharia, tendem a ser as mais ‘imitadas’, mas em geral o que se observa é que é a percepção que os filhos têm dos pais como bem-sucedidos que acaba induzindo à escolha do mesmo caminho”, afirma a psicóloga Paula Oliveira, que trabalha no Serviço de Psicologia em Saúde Mental da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e também atende em consultório próprio. De acordo com ela, isso pode acontecer porque os filhos acreditam que a consolidação conquistada por seus pais, ao longo de anos de dedicação e empenho à atividade profissional, incluindo a rede de contatos, pode de alguma forma facilitar sua entrada no mercado de trabalho e trazer, rapidamente, resultados tão bons ou melhores.
 
 
Começar do zero - O educador Geraldo Peçanha de Almeida pondera que, nas profissões consideradas de elite, começar uma carreira nova, do zero, também é muito complicado. “Se não há nenhum advogado na família, o início da Advocacia nesse caso costuma ser em uma empresa, porque em um escritório próprio fica quase impossível.” Por outro lado, em áreas como Magistério, Artes ou mesmo no caso de carreiras de nível técnico quase não se nota filhos seguindo os caminhos dos pais. Por quê? “Primeiro pelos salários, quase sempre muito ruins, e depois pela instabilidade dessas profissões. Nesse aspecto, normalmente os filhos tendem a ser mais conservadores”, diz.
 
 
Sem saída - Para Almeida, que também é autor do livro E quando os filhos não podem ser aquilo que os pais sonharam?, muitos jovens acabam seguindo a mesma profissão de seus pais por não terem como se livrar dessa situação, e não por acharem que esse seria o caminho mais fácil ou uma espécie de atalho para o sucesso. “Nas profissões nas quais os filhos trabalham com os pais, isso normalmente acontece porque os pais impuseram tanto que eles não tiveram outra opção a não ser ficar junto deles. Há relatos muito complicados de filhos que não queriam, mas acabaram seguindo a profissão dos pais porque eles assim quiseram, impuseram, determinaram.”
 
 
Gostar do que faz - Para os jovens que ainda não tomaram a decisão de qual caminho seguir, Almeida ressalta que a realização pessoal é o fator primordial a ser ponderado. “Se você não gosta da profissão que está escolhendo, há pouca chance de se dar bem nela. Pode até vir dinheiro, mas realização profissional tem a ver com clima de trabalho, ânimo pra criar, empreender, vontade de fazer algo novo, diferente, e isso a escola própria é que determina.” Segundo o educador, já que o jovem não tem experiência, ele deve ouvir sua intuição, o que a vontade e o gosto pessoal dizem.
 
  
Autoconhecimento é essencial - Na opinião de Paula, o mais importante é que os jovens não se restrinjam a uma única possibilidade. “É preciso conseguir conhecer a si mesmo e, a partir desse autoconhecimento, buscar uma profissão que se enquadre ao seu perfil, e não o contrário, se esforçando para se enquadrar na profissão dos pais ou de qualquer outra pessoa.” A psicóloga destaca que a escolha profissional sofre muitas influências (pais, amigos, namorado, dinheiro), que podem ser positivas ou não. “O desafio é você se permitir escolher seguindo um parâmetro pessoal que almeje sua própria satisfação.” Nesse sentido, um auxílio especializado, com o objetivo de favorecer uma decisão ajustada e consciente, pode ser uma alternativa viável e poupar desgastes futuros.
 
 
Mudar é possível - Mas e se a primeira opção foi seguir a profissão dos pais e no cotidiano da atividade profissional os resultados não forem os esperados, gerando desânimo e frustração por ter escolhido esse caminho? Paula sugere reavaliar as alternativas e possibilidades e mudar de profissão, procurando fazer uma transição cuidadosa, refletida e planejada. “É sempre tempo de rever rumos e buscar a felicidade. E o trabalho pode ser uma fonte de frustração ou de alegria.” Almeida completa lembrando que frustração é apenas uma condição da carreira, que deve ser encarada como uma estrada, ou seja, ao longo dessa caminhada as pessoas podem mudar o trajeto quantas vezes for preciso. “O duro e sofrido é escolher algo e ter que ficar com o rótulo ‘para sempre’. Mas isso, felizmente, não tem a cara dos jovens de hoje”, conclui o educador.
 
 
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