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Destaque | Publicada em: 18/06/2012

Fique de olho: A ciência dos dados na contratação

Emails, mensagens instantâneas e clicks pela rede mundial de computadores acabam deixando uma ¿impressão digital¿ rica em detalhes que, sem grandes investimentos, podem levar uma empresa a conhecer melhor a personalidade do seu colaborador ou candidato, como ele trabalha e se comunica.

 

Já não cabe mais um bom curriculum e uma análise subjetiva de um candidato nos modelos atuais de contratação. Um novo campo, conhecido como “ciência da mão de obra”, tem mudado o comportamento de gestores em alguns países e confinado o modelo tradicional de orientação na contratação, promoção e planejamento de colaboradores.
 
Emails, mensagens instantâneas e clicks pela rede mundial de computadores acabam deixando uma “impressão digital” rica em detalhes que, sem grandes investimentos, podem levar uma empresa a conhecer melhor a personalidade do seu colaborador ou candidato, como ele trabalha e se comunica.
 
Para Erik Brynjolfsson, diretor do centro de negócios digitais da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology, “estamos presenciando uma revolução no campo da análise, que transformará completamente a economia de uma organização e seus colaboradores”.
 
A tecnologia na coleta dados também levanta questões sobre a antiga vigilância dos trabalhadores na maioria das empresas. Segundo Marc Rotenberg, diretor-chefe do grupo de ajuda Electronic Privacy Information Center, no antigo modelo as análises de trabalho aconteciam enquanto os empregados se encontravam “atrás de um vidro polarizado”.
 
Hoje, através da análise de dados digitais as empresas enxergam essa mesma mão de obra de forma mais límpida. Em dezembro de 2012 a IBM adquiriu a empresa de recrutamento, contratação e formação, Kenexa. Seu corpo de mais de 100 psicólogos e investigadores especializados em organizações industriais era um de seus atrativos, porém, seus dados também. A Kenexa entrevista e avalia 40 milhões de candidatos, trabalhadores e diretores a cada ano.
 
Tim Geisert, chefe de mercadotecnia do departamento Kenexa da IBM, recorda que antes se dava por satisfeito quando um candidato com personalidade extrovertida demonstrava o perfil ideal para um vendedor de sucesso. Porém, sua investigação descobriu que a característica mais importante para vendas de sucesso é uma espécie de valor emocional e a persistência para seguir em frente, apesar da rejeição, muitas destas características reveladas, não em entrevistas, mas pelo mapeamento de seus dados digitais.
 
Outro exemplo está nos cientistas da Knack, uma nova empresa do Vale do Silício, que utiliza jogos de computador e análises constantes para colocar a prova a inteligência emocional, as habilidades cognitivas, a memória a curto prazo e a tendência a correr riscos.
 
Durante anos na Google os candidatos eram avaliados pela sua pontuação no vestibular e suas notas na universidade. Porém, estes fatores “não podiam prever o sucesso profissional”, disse Prasad Setty vice-presidente de análise de pessoal da empresa. A Google descobriu que os colaboradores mais inovadores – e os “mais felizes”, segundo sua definição – são os que têm um forte sentido de dever no trabalho e desfrutam de uma elevada autonomia pessoal.
 
Neil Rae, da operadora internacional de serviços de atenção ao cliente Transcom ficou impressionado com os resultados de um projeto realizado no ano passado com a Evolv, uma assessoria de empresas de São Francisco que utiliza a ciência dos dados. O objetivo para a Transcom seria a melhoria nos seus serviços com menor volume de colaboradores e uma diminuição nos gastos da empresa. “Essa análise se converteu em uma contratação baseada em algo mais científico e menos subjetivo”, assinalou.
 
A análise de dados ainda é um campo novo e que vem sendo cada vez mais utilizado, em vários setores, para a melhoria dos processos de uma empresa. Atrelado a conhecimentos científicos específicos e a capacidade de inovar e a experiência de alguns gestores, as empresas que optam por este valioso suporte têm em suas decisões um novo e poderoso argumento para uma nova abordagem de avaliação e tomada de decisões. Assertivas ou não, o sucesso também depende de outros fatores, inclusive o fator humano. O mais importante é que a tecnologia se mostra como mais um agente fundamental neste processo de avanço profissional.
 
Com informações de El Pais e New York Times News Service.
 
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