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Vagas | Publicada em: 18/06/2012

Emprego - Mercado de trabalho ainda melhor em 2014 em Goiás

Áreas ligadas a serviços, como contabilidade, TI e RH, além de cargos técnicos, vão gerar maior parte das vagas
Ainda que as perspectivas de vários setores para este ano não apontem para uma melhora significativa na engrenagem econômica do País, 2014 já demonstra um avanço para o mercado de trabalho em Goiás, com o início de uma movimentação de vagas profissionais importantes nas agências de emprego, logo nas duas primeiras semanas de janeiro. O setor de serviços, que despontou em 2013 com o maior saldo na geração de postos formais, deve continuar sendo a bola da vez, preveem as consultorias de recursos humanos.
 
É uma área que, além de se relacionar direto com o consumidor (como no caso de uma oficina mecânica que atende uma família na reparação de seu carro), serve de apoio para diversas outras empresas e áreas, como as indústrias, que dependem, por exemplo, de escritórios contábil e/ou jurídico para cuidarem de seus negócios.
 
“E, se esse setor vai se destacar no País como um todo, Goiás vai se beneficiar ainda mais. Principalmente em Goiânia, que é essencialmente prestadora de serviços, o crescimento vai ser muito maior”, analisa a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) em Goiás, Dilze Percílio, que também é coach de carreira e diretora da Apoio Consultoria de Negócios.
 
Dentro do segmento de serviços, vagas de contabilidade e controladoria, tecnologia da informação e recursos humanos tendem a ter um destaque maior, devido à alta necessidade e demanda das empresas por estes profissionais (veja quadro ao lado as áreas com maior tendência de contratação).
 
Nesses casos, a busca das empresas atualmente está, em grande parte, centrada em contratações estratégicas, não apenas de analistas das áreas citadas, mas de candidatos que possam atuar no planejamento e na gestão corporativa.
 
Segundo a consultora sênior em RH do Grupo Empreza, Jakelyne Rasmussem, diante do desenvolvimento econômico experimentado em Goiás nos últimos anos, a maioria das empresas da região passou por uma fase de crescimento, tanto de faturamento, quanto de estrutura.“Porém, foi um crescimento de forma desordenada e, agora, o momento dos executivos e acionistas é de olhar para dentro das corporações, promover estruturações e reestruturações. Nosso mercado tem exigido a implantação de processos bem estruturados, com foco na qualidade e na excelência de entrega”, frisa.
 
De olho nessas oportunidades, o jovem Douglas de Souza Braga, de 20 anos, que sempre foi interessado em tecnologia e já chegou a fazer “bicos” como técnico de computadores, decidiu, no ano passado, entrar para o curso de Gestão de Tecnologia da Informação na Faculdade Senac. Recusou uma vaga de estágio logo no primeiro período de estudos, porque a bolsa não seria suficiente para que ele arcasse com as despesas particulares. Hoje, se mantém como frentista, mas tem forte expectativa de que vai encontrar este ano um emprego ligado à tecnologia.
 
CAÇA
E a possibilidade não deve demorar a chegar. Por enfrentar uma escassez de mão de obra qualificada, as empresas de tecnologia estão à caça de profissionais. “Eu mesmo tenho seis vagas abertas desde novembro e não consigo preenchê-las, porque não encontro gente com qualificação. Como eu, vários outros empresários da minha área estão na mesma situação”, diz o diretor da Senior Advanced, Rubens Fileti.
 
Além de TI, outro segmento que está em alta é o de contabilidade, com vagas que vão desde auxiliares até gerenciais. “Era um profissional que não tinha valor de mercado. Hoje, é estratégico nas empresas. É ele que vai estudar a forma de a empresa ter o menor impacto fiscal e tributário, cuidar do cumprimento de várias normas e, por isso, é importantíssimo para a corporação”, afirma a diretora-executiva da Agregarh Gestão de Pessoas, Maria Célia Franklin Ferreira.
 
Ela cita ainda que em 2014, especificamente, a demanda pelo profissional de contabilidade será ainda mais reforçada, já que todas as empresas no País (desde microempreendedores individuais até grandes companhias) passaram a ser obrigadas a se adaptar a um novo sistema de folha de pagamento digital. É o chamado eSocial - Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas.
 
Dilze Percílio acrescenta que, desde o final do ano passado, o mercado de trabalho está muito aquecido para vagas de gestão e que esta tendência deve perdurar ao longo de 2014. Ainda se preparando para a função, a secretária administrativa Thaís Meneses de Olanda Souza, de 22 anos, já sente o reflexo dessa necessidade das empresas e começou o ano de emprego novo.
 
Cursando o segundo período de Gestão Executiva de Negócios, a jovem trocou de firma não apenas pelo salário melhor, mas pela possibilidade de crescimento na carreira. “Tenho projeto de gerir um departamento e, quem sabe, chegar à chefia”, planeja.
 
Copa e eleições ajudarão a gerar mais vagas
As eleições e a Copa do Mundo são eventos que podem interferir numa maior movimentação de vagas de emprego neste ano, analisa a presidente da ABRH Goiás, Dilze Percílio. Para ela, embora o período eleitoral gere certa apreensão nos empresários sobre o que está por vir e se deve ou não fazer investimentos, as perspectivas de mudanças são vistas, a priori, com otimismo.
 
“Além disso, num ano de eleições, o governo não vai querer que as pessoas sintam que perderam seu poder de compra. Por isso, ele deve facilitar o consumo e os investimentos em 2014 e movimentar a economia. Com isso, as vagas de trabalho tendem a aumentar”, opina. A diretora da Agregarh, Maria Célia, acrescenta ainda o impacto direto que as eleições causam em algumas empresas, como que trabalham com papel, panfletagem, mídia e propaganda, por exemplo.
 
Em relação à Copa, Dilze lembra que há empresas em Goiás, de bebidas e alimentos, com abrangência nacional, que vão se beneficiar do crescimento de mercado proporcionado pelo evento.
Já Maria Célia não tem tanta certeza de que essa influência no Estado será tão significativa. “Não podemos esquecer de que os jogos vão atrapalhar muitas empresas, que terão de parar para que seus funcionários assistam aos jogos.”
 
Comércio prevê aumento de contratações
Para as vagas de emprego no comércio goiano, o ano de 2014 também se mostra promissor. A grande maioria dos empresários demonstra a pretensão de ampliar seu quadro de funcionários este ano. Esta foi a intenção demonstrada por 82% deles na pesquisa de dezembro da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio-GO), que calcula o índice de confiança do empresário.
 
O presidente da Fecomércio, José Evaristo dos Santos, lembra que há shoppings em construção e em ampliação, na capital e no interior, que reforçam o horizonte de contratações no Estado. Mesmo com a cautela por parte do setor em relação à economia deste ano, a expectativa do presidente é de que a geração de empregos local aumente entre 15% e 20%. “Devemos ficar perto das 15 mil novas vagas. Já a expectativa para as vendas é de crescimento entre 5,5% e 6% em Goiás”, frisa.
 
A projeção de crescimento pode ser aferida nos primeiros números do Sines Goiás e Goiânia: mais de 800 vagas já foram abertas somente nas duas primeiras semanas de janeiro (veja onde estão as vagas no quadro ao lado).
 
OPERACIONAL
O mercado também estará aquecido ao longo de 2014 para as áreas técnicas industriais e alguns cargos operacionais. Isso porque existe um déficit de profissionais em diversos setores. A consultora sênior em RH do Grupo Empreza, Jakelyne Rasmussem, diz que a situação mais preocupante é para cargos de serviços gerais e chega a dizer que há um “apagão” dessa mão de obra no Estado.
 
Falta de qualificação continua sendo obstáculo
Apesar da boa perspectiva de aumento das vagas de trabalho para este ano, os gargalos da falta de qualificação profissional continuam os mesmos. E a dificuldade é recorrente em todos os setores e níveis, desde o operacional até o especialista. A presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Goiás, Dilze Percílio, acusa que a falha não está apenas no sistema educacional.
 
Para ela, existe uma falta de compreensão por parte do empresariado de que ele é responsável também por essa mudança. “O problema de capacitação não vai ser resolvido em curto prazo. Mas a ficha ainda não caiu para o empresário de que o funcionário só vai completar o seu desenvolvimento profissional durante as atividades de trabalho. Ele não pode esperar apenas que a pessoa chegue pronta para a sua equipe”, afirma.
 
Dilze ressalta que o empregador deve investir na qualificação como forma de melhorar a qualidade de sua produção ou serviço. “O empresário tem de investir na qualificação do seu funcionário após a contratação. É uma responsabilidade dele também.”
 
COMPORTAMENTO
Além da problemática da falta de capacitação, a diretora da Agregarh também aponta uma dificuldade comportamental entre os atuais profissionais. Ela aponta uma recorrente falta de comprometimento de empregados, com a empresa e consigo mesmos.
 
“As pessoas estão hoje descompromissadas com os resultados, não têm foco, trocam de emprego com rapidez. Tudo isso compromete o andamento da empresa e da própria performance pessoal e o currículo”, completa.
 
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