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Mercado | Publicada em: 18/06/2012

Por falta de mão de obra, empresas reduzem nível de exigência

Metade diminuiu lista de requisitos de vagas para conseguir contratar, diz pesquisa. Compradores, técnicos e administradores são os mais desejados
A dificuldade de encontrar mão de obra capacitada baixou o nível de exigência das empresas. Muitas delas já deixaram de lado, por exemplo, o pedido por experiência. Metade das empresas pesquisadas diminuiu a lista de exigências para a vaga – e só assim conseguiu contratar.
 
As empresas também precisam oferecer salários e benefícios atraentes para manter esses trabalhadores. Hoje, técnicos, compradores e administradores são os profissionais mais procurados pelo mercado.
Demorou um ano para a empresa encontrar a Juliane. Ela preencheu a vaga de gerente fiscal que ficou aberta durante todo esse tempo.
 
O processo de seleção demorou seis meses. Um detalhe: ela não estava assim "disponível" no mercado.
"Eu estava trabalhando antes e o profissional que está empregado continua sendo o mais procurado", afirma Juliane Caligiuri Brandão.
 
O diretor executivo de RH Rogério Moraes diz que tem encontrado muita dificuldade para contratar profissionais. "Pessoas com qualificação técnica são cada vez mais difíceis de serem encontradas no mercado. Por exemplo, técnicos em manutenção, em eletrônica, em qualidade, técnicos em segurança do trabalho", aponta. O que ele diz aparece em uma pesquisa sobre mão de obra feita com 167 empresas que respondem por mais de 20% do PIB brasileiro:
 
- 91% estão tendo problema de contratação, principalmente de compradores, técnicos e administradores
- 47% têm dificuldade para achar quem trabalhe na produção, no chão de fábrica
- Para 82%, o motivo da dificuldade é a escassez de profissionais capacitados
 
Os resultados da pesquisa são bem parecidos com o de um levantamento anterior, feito em 2010. E para quem estuda o mercado de trabalho, essa é uma prova de que a falta de mão de obra já se tornou um problema crônico.
 
E existe mais de uma explicação para isso: as famílias estão tendo menos filhos, os jovens em idade para trabalhar estão começando cada vez mais tarde e a formação profissional tem muitas falhas.
 
Difícil encontrar e difícil manter esse profissional. Para que ele não troque de emprego, como fez a Juliane, a empresa oferece benefícios e salários maiores, o que pode trazer mais problemas. "O custo do trabalho aumenta muito e a produtividade do trabalho, a eficiência do trabalho, não acompanha. Como que a empresa vai pagar essa diferença? Ou ela passa para o preço, o que inflaciona, ou ela tira do lucro, o que reduz o investimento futuro dela e, portanto, a geração de emprego para os próximos anos", analisa o professor de relações do trabalho José Pastore.
 
E 93% das empresas pesquisadas oferecem benefícios para reter os profissionais, enquanto 91% promovem a capacitação profissional.
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