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Carreira | Publicada em: 18/06/2012

Jogos e brincadeiras ajudam a impulsionar carreira

Veja por que as atividades lúdicas são aliadas da aprendizagem dos adultos

 

Cumprir regras, manter a concentração, não trapacear, trabalhar em equipe, avaliar riscos, tomar decisões, ser persistente. Esses são apenas alguns dos aprendizados que podemos extrair do mundo dos jogos e aplicar em nossa vida profissional. “O lúdico, de forma geral e na medida certa, é um poderoso atrativo em uma situação de aprendizagem, porque os resultados são baseados em metodologia de tentativa e erro, ou seja, há uma ligação direta entre os esforços de aprendizagem e os resultados obtidos”, diz Willian Bull, consultor de capital humano e sócio do Instituto Pieron.
 
 
Na opinião de Ana Laura Andrade, senior associate da Mercer, as atividades lúdicas podem e devem ser utilizadas como uma ferramenta importante na educação. “Trata-se de uma rica fonte para a aprendizagem de adultos, que são motivados a aprender conforme vivenciam necessidades e interesses.” De acordo com ela, frequentemente os jogos também ajudam a memorizar fatos e conteúdos, auxiliando e favorecendo o desenvolvimento de jovens e adultos no mercado de trabalho. “A Mercer procura incorporar exercícios práticos, jogos e dinâmicas em seus diversos treinamentos, buscando contribuir para a aprendizagem e para a ampliação da rede de significados construtivos, facilitando, assim, a absorção dos conteúdos.”
 
 
Jogos corporativos - De fato muitas companhias já têm trazido para sua grade de treinamento diferentes tipos de jogo – dos mais básicos e tradicionais aos mais complexos e modernos –, além de técnicas teatrais e circenses e até mesmo cursos de contação de histórias. E não existe uma atividade lúdica mais ou menos indicada. Na verdade, essa escolha depende do objetivo que se pretende atingir. “A melhor opção sempre será aquela alinhada ao que se deseja estimular, ou seja, cada caso é um caso, cada necessidade pede uma solução diferente”, diz Ana Laura. Se o foco, por exemplo, é estimular a capacidade de análise ou a tomada de decisões, pode-se recorrer a treinamentos que permitam simulações da realidade e promovam competições, o que se consegue por meio de jogos de tabuleiro ou eletrônicos, por exemplo. “Os jogos somente devem ser definidos depois que se tiver clareza das competências que precisam ser desenvolvidas. Dessa forma, eles poderão ser programados em função dessas competências”, complementa Jacqueline Resch, sócia-diretora da Resch Recursos Humanos.
 
 
Para mostrar como isso funciona, Jacqueline cita como exemplo uma determinada área da empresa em que o gestor percebe que o espírito de grupo precisa ser fortalecido, já que os profissionais estão voltados unicamente para si, sem levar em consideração o impacto de sua parte no trabalho dos demais. Ao identificar o problema, esse gestor conversa com seu RH, solicitando um programa para desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe. No programa de desenvolvimento, um dos jogos escolhidos consiste em cada participante fazer um desenho e dar a ele um título. Em seguida, em uma nova folha de papel, ele desenha apenas um traço e o título e assim que o facilitador dá o comando ele passa este desenho para o colega sentado à sua direita. Este por sua vez lê o título, desenha um segundo traço e, após comando do facilitador, passa para o colega à direita. Assim é feito até o desenho voltar ao autor original, que então constata que o produto final não corresponde ao seu desenho original.
 
 
“Alguns se surpreenderão positivamente e outros negativamente, mas o interessante é que a partir do jogo o facilitador pode perguntar pelas reações e pelos sentimentos do grupo e fazer pontes com a realidade do dia a dia, já que o trabalho em uma empresa é coletivo e às vezes é um outro profissional que dá continuidade ou finaliza o trabalho iniciado por outra pessoa”, explica Jacqueline. Ela destaca também que apenas jogar o jogo não desenvolve a competência que se deseja. “É a reflexão pós-jogo e os links com a realidade do dia a dia que promovem insights e deixam o grupo mais consciente e alerta para uma nova postura.”
 
 
Coisa séria - Bull, do Instituto Pieron, concorda com Jacqueline. “Quando pensamos no lúdico para o desenvolvimento de carreira estamos falando da inclusão ou do aprimoramento de competências.” Ele observa que isso também se dá por meio dos chamados serious games, que são jogos digitais utilizados para outros fins que não sejam o mero entretenimento. “Os serious games têm por objetivo alavancar o poder dos jogos de computador para cativar e envolver os usuários para uma finalidade específica, como desenvolver novos conhecimentos e habilidades.”
 
 
Em seus treinamentos, o Instituto Pieron aplica, por exemplo, o programa oficial de Flow para líderes, que foi desenvolvido pelo professor Mihaly Csikszentmihalyi em parceria com a ALEAS Simulations. Flow é o nome que se dá ao estado mental atingido quando se está absolutamente envolvido em alguma atividade. Em outras palavras, trata-se de uma experiência que se baseia em um estado de concentração e foco que torna qualquer execução – seja esportiva, artística ou do dia a dia – mais espontânea. Segundo Bull, a simulação ajuda a descobrir o Flow em passos simples e permite ao jogador testar suas habilidades de liderança.
 
 
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